sábado, 23 de julho de 2011

A inveja na vida cristã



“É o que sai da pessoa que a torna impura. Pois é de dentro do coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja [...]” (Mc 7, 21 – 22).

A palavra inveja vem do latim invidia, e significa desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. O mundo está cheio de pessoas invejosas. Qual a origem da inveja? Não sabemos qual foi a primeira pessoa invejosa da face da terra! Na Bíblia, a inveja aparece em várias circunstâncias: um exemplo que ilustra bem este perverso sentimento é a morte de Abel, provocada pelo seu irmão Caim. Este sentiu inveja daquele e o matou (cf. Gn 4, 1 – 16).

Quais as conseqüências da inveja na vida cristã e eclesial? O Evangelho de Jesus deve ser a norma que deve reger a conduta e a vida dos cristãos. A compreensão e a prática evangélicas não permitem que o cristão se deixe dominar pela inveja, pois, como vemos nos versículos acima mencionados, Jesus de Nazaré a considerou abominável. De fato, um cristão que se preza não se deixa levar pela inveja.

Trata-se de um sentimento que causa ódio e divisão entre as pessoas e grupos. O invejoso olha o outro como um inimigo que deve ser eliminado, pois este outro lhe causa repugnância. O invejoso odeia aquele que está sendo vítima de sua inveja. De modo geral, os invejosos são aqueles que não conseguem desenvolver uma aptidão ou o jeito de ser do outro que está sendo invejado. Em outras palavras, por não conseguir fazer o que o outro faz ou ser do jeito que o outro é, então tal indivíduo é tomado pela inveja.

O invejoso age, repentinamente e sem pensar naquilo que vai fazer. Ele procura, de todas as formas, eliminar o outro, seu adversário. Uma das estratégias mais comuns é a difamação da vítima: a utilização da mentira e da calúnia com o intuito de inferiorizar e denegrir a imagem do outro. Há invejosos mais ousados, que ferem não somente com a palavra, mas também com a ação. Estes últimos são os piores.

É verdade que a calúnia é, por si mesma, considerada uma ação má; mas a partir da calúnia, se esta não se mostrar, suficientemente, exitosa, o invejoso intensifica sua ação partindo para outros recursos audaciosos, que põem em risco a vida do outro. No caso do Abel, não houve discussão nem difamação, Caim o matou sem escrúpulo algum. Tal sentimento revela que o invejoso sente ódio ao ver o outro bem e/ou feliz. A felicidade da vítima lhe causa inquietação.

O invejoso é uma pessoa insatisfeita, inquieta, impaciente e infeliz. Ele não tem paz de espírito e não consegue viver a fraternidade. Esta nos exige que sintamo-nos felizes com a felicidade do outro. Certa vez, numa entrevista, disse Dom Luciano Mendes de Almeida (in memoriam): “O céu é a gente se sentir feliz com a felicidade dos outros”. Este conceito está, evangelicamente correto, logo o invejoso precisa, urgentemente, de conversão.

Quem se sente feliz com a felicidade do próximo é sinal de que está bem consigo mesmo. Pessoas mal integradas, portanto, desestruturadas, não conseguem desejar o bem ao outro nem sentir-se bem ao vê-lo feliz. Assim sendo, viver em comunidade é algo impossível a um invejoso. Ele pode até tentar, mesmo conseguindo, não será feliz, porque o bem do outro lhe incomoda.

Quando a crítica infundada contra o próximo torna-se insistente, isto pode ser sinal de inveja. Quando o outro me incomoda, demasiadamente, eu posso estar com inveja dele. Por isso, na maioria das vezes, o invejoso precisa ser alertado de sua inveja, pois quando a mesma se torna patológica, ele pensa ser seu espírito de destruição do próximo a coisa mais normal do mundo. Em outros termos, o invejoso costuma negar sua condição argumentando que o problema está no outro, jamais nele mesmo. Assim, sem aceitar-se a si mesmo, jamais se libertará deste terrível mal.

Quem convive com o invejoso pode ajudá-lo a se libertar ou estimulá-lo a ser cada vez pior, isto depende da maneira como nos recusamos ou não a aceitá-lo. Recusar-se a aceitar a inveja não pressupõe eliminar o invejoso da comunidade ou do grupo, pois ele precisa ser ajudado. Não ajuda quem o escuta e apóia em sua sede de vingança. O bloqueio de seus sentimentos através da verdade que liberta é essencial, ou seja, torna-se necessário que se diga ao invejoso que o mesmo está equivocado e que está pecando contra a caridade, contra o amor ao próximo.

Ser invejoso é faltar com a caridade para com o próximo, pois a caridade nos exige que, apesar de nossas limitações, busquemos amar o próximo como ele é. Buscar amar um invejoso não significa aceitar a sua inveja, mas, em nome da caridade, corrigi-lo, fraternalmente. Convencê-lo de que a superação dos próprios limites e o aperfeiçoamento dos dons recebidos de Deus são oportunidades de libertação integral da inveja.


Sejamos vigilantes, pois, como disse Jesus, a inveja pode sair de dentro de nós. Não permitamos que ela nos domine, pois não dá para ser operário da vinha do Senhor sentindo inveja dos outros. Quando isto acontece, caímos na tentação de esquecermos-nos da construção do Reino de Deus e nos ocuparmos com a morte do outro, nosso irmão.
FONTE: Tiago de França 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

UM CRISTÃO É...


 















Um cristão é uma mente através da qual Cristo pensa;
um coração através do qual Cristo ama;
uma voz através da qual Cristo fala;
uma mão através da qual Cristo ajuda.